quarta-feira, 27 de novembro de 2013

UMA RAPIDINHA

Saliva e sêmen bandeirante
Suor e sangue imigrante
Sampa fumegante
Fulminante senhora
Infarto infante 

Da Augusta à Aurora.

DIÁLOGO RENTE UMA LÁPIDE

Ao distinto defunto aqui calado pelo vento,
Venho primeiro cumprimentá-lo,
Já que nunca o fiz quando daqui estava fora,
Embora, agora, debaixo dessas flores garridas,
Tal gesto ganhe a dimensão de ressurreição
- da sua parte - e internação - da minha;
Segundo, venho pedir-lhe um obséquio:

Pergunte a Deus, quando houver possibilidade, é claro,
“ Por que os pecados não vão, junto com os vermes,
Com a carne sem cor e o sangue ressequido?”

De certo, se pergunta:

Por que não vais tu perguntar a Ele
Na tua vez, ao invés do meu sono
Interromper com tamanho grilo?

Caríssimo distinto defunto debaixo dessas flores garridas,
Como posso se, tal qual a vontade de pecar,

É a vontade de não morrer?

                                                            02/09/2008

POEMETO ESTICADO

Quero-quero
No gramado
Quase nunca é driblado,
Quase sempre espantado
Pelo passe errado.
Quero-quero
Veio ver canarinho voar.
Quero-quero voa.

Relo-relo
Na pipa amarela
Que vira folha amarela,
Peixinho com anzol na goela
No céu cor de mar.
Relo-relo
Na pipa perseguida
Por um milagre de meninos.
    
Lero-lero
Do menino caramelo
Que queria ser belo-belo
E vê virar bolero
Seu elo com Daniela.
Lero-lero
Do menino caramelo
Que, sem a Dani, se danou.

Mero-mero
Muito pouco espero.
Espero um beijo mero,
Um mero olhar espero
Capaz de me alavancar.
Mero-mero...
Sou um mero poeta
Ou um poeta de merda?

Zero a zero.
Sou meramente um Nero
-se duvidas, dê-me um império;
O caramelo
Que atacava não saiu do zero;
O peixinho amarelo
Que voava tomou um relo;
O quero-quero
Que torcia levou o amarelo;
O canarinho
Que voava tomou o vermelho.

Vero-vero...
Como o tempo é severo.


                                               21/12/09