segunda-feira, 27 de outubro de 2014

ZACK E O MAR


Zack corre após tirar os chinelos
Pontilhando na areia a alegria
De quem reencontra um velho amigo,
Gaivota perseguindo siris,
Marujo avistando terra firme.
Não faz sol
E o mar está nublado, cinza, carregado
E o céu negro, sujo, enferrujado...
Mas Zack não dá bola
E me pede a bola
Para que, num chute,
Manifeste a alegria de ser vento
Enquanto o mar mira o garoto
Agitado, saltitante, desesperado
Com as ondas que vem
Com a areia que se vai
Com o sal que engole
Com o mar nos ouvidos
E o nariz escorrendo.
Zack parece peixe dentro d’água
Enquanto a praia enferruja os portões,
As janelas, as antenas, as bicicletas
Mas não o menino,
Meninos não enferrujam
Nem quando o mar está nublado,
Nem quando o frio lhe deixa roxo e arrepiado
Zack quer deixar a praia
Que não precisa de sol,
Não para o menino.

Nenhum comentário:

Postar um comentário