Solitário, sou socorrido pelo soneto
sonolento, leio lentamente o soneto
silente, o soneto ressoa sonífero
dormente, releio o soneto letárgico
solícito, o soneto parece um sineiro
sonâmbulo, releio o verso decassílabo
simbólico, o verso conduz o diálogo
combalido, releio o verso relido
relido, o verso ressoa a sino.
Só, sonolento e suado,
releio o soneto metrificado;
silente, solícito e relido,
o soneto ecoa no vazio da casa vazia
- fantasma alexandrino que, em demasia,
enche e enche até a boca minha cara
com essa insone e viciante bebida
rotulada COMPANHIA,
quando o silêncio da solidão
repercute nos tacos do chão,
nas dobradiças rangendo aflição,
pesadelo que não me deixa dormir
mesmo embriagado pela mesma página,
título, verso e métrica
desse tranquilizante para elefante;
vernáculo em manada; lira cetácea;
pugilista peso parnaso relido
por um ermitão ferido na córnea,
mas que não se dá por vencido.