segunda-feira, 25 de abril de 2016

O CLOWN




Vaga pelo vagão
Entoando pregão
Em forma de refrão
Rimando poesia
Com esmola e hipocrisia
O poeta de cara pintada,
Emaranhado numa piada,
Recita seu poema
Escondendo-se do sistema,
Fazendo estratagema
Entre lírico e circense,
farça e romance
Com trejeitos nonsense,
O palhaço trovador
Recita sobre amor,
Solidão e pó
E, terminado seu rondó,
Espera aplausos ou dó
Emendando um xote
E grave deboche
Ao pedir sem rimar,
Uma moeda pra almoçar
E, diante do silêncio em contra-ataque
- Pior que vaias e tomates,
O palhaço esbraveja
- Indignado nem verseja,
Pois é justificável
Poesia tão deplorável
Já que barriga vazia
não carrega poesia.
Assim, o poeta fracassa
Ao manter tristonha careta
Que seria melhor em pirueta
Que em versos sem graça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário