quinta-feira, 16 de junho de 2016

Estocado 

O outono gela a água da pia
embaça o espelho do banheiro 
acelera o rito do barbear 
e amarela calçada e rua.

Onde está meu destino?
Passou por meu intestino?
De jaqueta, me escondo na sombra 
pro sol não me dá motivo.

Espero um amigo antigo 
pois estou ficando antigo 
e logo serei obsoleto 
e tratado como tinto estocado.

Mas os jovens não são enólogos 
então sirvo-lhes versos em flor
para que fiquem de fogo 
e se lembrem no inverno.

Serei licor quando inverno,
apaixonante quando velho,
espumante pós guerra
e verão contra o terno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário